sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Eu espelho: Será que tu realmente te tornas responsável por aquilo que cativas?

Dezembro é um mês bem atípico do ano... deixamos nossas rotinas um pouco de lado e nos tornamos um pouco mais sensíveis com a proximidade do Natal. Por conta disso, hoje não vou falar de moda, de arte ou da imagem que nosso espelho nos transmite. Peço licença a todos vocês, queridos, para fazer uma reflexão:
  

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, famosa frase de Antoine de Saint-Exupéry, o escritor do Pequeno Príncipe.

Sempre gostei muito dessa citação, mas por muito tempo eu fiquei pensando se ela estaria certa, ou que realmente ela quereria dizer.

À primeira vista, essa frase pode soar um tanto quanto injusta: “ora, então quer dizer que se alguém (algum desses malucos que de vez em quando a gente topa por aí) se apaixonar por mim, eu passo a ser responsável pelos sentimentos dele?”

Isso parece indicar que estamos entregues à mercê da própria sorte: se quisermos ser boas pessoas, pessoas ditas como “responsáveis”, então não podemos magoar ninguém, nem recusar o amor que alguém tenha por nós, seja ele quem for.

De fato, nada poderia ser mais injusto do que isso. Afinal, a psicologia está todos os dias a nos ensinar que não podemos nos sentir culpados pelos sentimentos dos outros, tão pouco podemos controlá-los. Cada um tem plena liberdade de sentir o que quiser, e é claro que não podemos nos incumbir dos pensamentos ou sentimentos alheios.

Contudo, mesmo com esse risco da má impressão que a dita frase pode causar, sempre gostei dela. Sempre vi nela um certo encanto, um magnetismo. Assim como o livro todo, do qual sou fã e já li (muito) mais de vinte vezes. Tenho um exemplar muito antigo, que era da minha mãe, que invariavelmente acaba sendo relido ora ou outra.

Hoje eu consigo entendê-la melhor.

Ele não estava falando de amor. Ou melhor, não do amor tradicional entre um “casal romântico”. Ele estava falando de um outro tipo de amor. Ele falava da amizade!

E nessa toada posso extrair duas conclusões: a primeira, que a amizade é mesmo um tipo de amor, e depois, que sim, amar é uma responsabilidade imensa!

Na história, quando o princepezinho fez a citação, ele se referia à raposa, que ensinou a ele a importância da amizade, e explicou que esta deve ser construída aos poucos, e com regularidade, para que passe existir a confiança e a segurança necessárias para fortalecer as bases da verdadeira amizade.

A raposa lhe explicou: “Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar meu coração... É preciso que haja ritos.”

E pensando bem, é assim mesmo que começamos uma amizade. Começa com um sorriso simples, um papinho furado, e com o passar do tempo, começamos a sentir vontade de entrar na intimidade daquela pessoa, queremos saber qual sua cor favorita, seu número da sorte e se gosta mais de pizza de queijo ou de calabresa.

Paulatinamente, permitimos que o amigo ultrapasse também a linha da nossa segura redoma social e entre em nossas vidas.

Ora, isso é cativar!

É disso que estamos falando: de que cativar é sim uma responsabilidade. Passamos a ser fonte de energia para um amigo, e este se torna o mesmo para nós.

O grande segredo é que amar é mesmo um risco ao qual nem todos se permitem correr.

Isso porque o amor é um sentimento que só funciona com reciprocidade. Precisamos estar dispostos a dar e a receber. Exercitamos nossas diferenças e nossa paciência, uma vez que ninguém é igual a ninguém, e apesar dos laços de amizade serem verdadeiros, há toda uma rotina de obrigações a ser cumprida em nossas vidas, e nem sempre encontramos um espaço para cada coisa como gostaríamos.

Portanto, amar é uma responsabilidade. Mas sermos amados de volta também é (nossa responsabilidade, não só do amigo).

Precisamos deixar de ser tão egocêntricos a ponto de pensar que o mundo gira ao nosso redor e às vezes precisamos fazer algumas concessões para que a amizade um dia construída continue se fortalecendo e prosperando ao longo do tempo.

Se a amizade é também um tipo de amor, como é que fica aquela história de “o amor é uma plantinha que devemos regar com carinho todos os dias”?

Vamos aproveitar esse momento de final de ano, em que o Natal pode ser uma grande oportunidade para rever os amigos, e tomar a iniciativa de procurar aqueles que deixamos lá de ladinho por causa da correria (e nem por isso os amamos menos). Vamos perdoar, vamos abraçar e beijar os nossos queridos. Vamos correr o risco de nos entregar a todo tipo de amor.

Afinal, “a amizade é como uma ‘licença’ que recebemos para amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo” (citação minha). Eu amo meu marido, e como marido só posso ter um amor. Apenas um me basta. Mas, amigos, esses eu posso ter muitos, e posso amar todos eles.

“Nenhum sentimento pode ser mais libertador que o amor.” (minha também! Tão inspirada hoje... rs).

Lu Figueiredo

7 comentários:

  1. Esse livro é ótimo todos deveriam lê -lo. Ele nos dá lições para a vida diária!

    Beijos e bom fim de semana!
    http://castro-pri.blogspot.com/

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  2. Luciana L. Figueiredo (Venda Nova do Imigrante, ES)11 de janeiro de 2012 às 03:34

    Toda criança que acaba de aprender a ler e escrever deveria ganhar este livro. Deveria ser o primeiro livro da vida de uma pessoa. Ele fala de amor com uma naturalidade e simplicidade ímpar.

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    1. Luciana Figueiredo, minha chará, que prazer te conhecer por aqui, mesmo que virtualmente!
      Obrigada por seus comentários. Você é muito bem vinda por aqui, Lu!
      Bjs

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  3. Meninas, to tentando postar um coment no blog de vcs, que tá incrível, parabéns!!! Eu tb amo o lookbook.nu!!!
    Então, mas o blog não tá deixando eu escrever as letrinhas... deve ser algum pau... :-(
    Bjs
    Lu

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