sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Eu espelho: Comendo Magro x Comendo Gordo


Gosto muito de prestar atenção ao que as pessoas estão comendo perto de mim. Aqui em São Paulo as praças de alimentação são bem cheias na hora do almoço, o que me permite essa experiência com freqüência.

E hoje ocorreu um fato interessante, que me serviu de laboratório para o Programa Pense Magro, que foi assim:

Eu dividi a mesa com duas garotas amigas, uma mais cheiinha (não chegava a ser gorda, só fofinha) e a outra, bem magrinha. Ambas comeram no mesmo restaurante e pediram o mesmo prato, um camarão ao molho com arroz e batatinha chips. A porção era meio grande, lá da Vivenda do Camarão, sabem? A magrinha estava meio chateada, contando para a amiga sobre uns problemas com o namorado. Enquanto a magrinha falava, a outra comia.

Pois bem, notei as seguintes coisas que foram muito úteis para refletir sobre “comer magro” e “comer gordo” e como isso realmente reflete na pessoa, vejam só:

- a mais fofinha comia bem rápido; a mais magrinha comia devagar, pousando os talheres no prato a maior parte do tempo.

- a mais fofinha comeu tudo que tinha no prato; a mais magrinha deixou mais da metade.

- a mais fofinha tomou uma lata de refri; a mais magrinha não tomou nada.

Ao final da refeição da fofinha, após terminar o refrigerante, ela ficou “cheia” (sabe aquela cara de quem tá cheio?) e falou assim para a mais magrinha: “puxa, preciso diminuir o refrigerante!”. E sabe o que a magrinha respondeu: “Por que não começa agora?”...

Resultado: a mais magrinha estava super animada para dar uma volta e a mais fofinha estava com preguiça.

Agora, fala para mim: Por que nós ainda insistimos em comer além da conta, se ao final da refeição nos sentimos estufados, com preguiça e desanimados? Por que nós não paramos de comer enquanto não vemos o prato limpo, independentemente do tamanho da porção? Por quê???

Porque aprendemos, em algum momento da nossa vida, talvez na infância, talvez na adolescência, talvez numa fase mais difícil financeiramente, ou quem sabe num momento de fortes angústias, que comida cura, que comer é bom, que gente saudável come muito, que não pode deixar comida no prato...

Quantas crenças nós temos acerca da comida, não é mesmo?

Me lembrei de um comentário que ouvi de alguém (alguém fofinho) recentemente: “Ah, eu não aceito pagar esta quantia para comer salada. Se fosse uma boa carne, ou uma boa porção de comida gostosa, eu pagaria, mas não para comer mato.”

Por que será que esta pessoa, e tantas outras, pensa assim? Pensei comigo que possivelmente a maioria de nós, a classe média, que temos origem (pais, avós) geralmente pobre ou rural (ou ambos), tenhamos recebido de herança alguns conceitos sobre “o que vale a pena pagar para comer”...

Provavelmente, como a maioria das pessoas antigamente tinha horta ou pomar no fundo do quintal, não aceitavam pagar para comer este tipo de alimento, enquanto que concordavam em gastar seus rendimentos em refrigerantes ou doces da venda, que além de serem caros, eram raras as ocasiões de se comer, afinal, eram apreciados só em dia de festa. Eram um produto “de rico”.

Logo, esses alimentos mais calóricos foram considerados sofisticados e interessantes. Enquanto as verduras, legumes e frutas foram considerados “chatos”. Até posso ouvir as crianças de 30, 40 anos atrás reclamando para suas mães: “que droga, comemos verduras todo dia, por que não posso comprar um pé de moleque hoje?”.

Eu respeito profundamente os tempos mais remotos, só que a maioria de nós se esqueceu de “atualizar” as crenças.

Afinal, hoje em dia, o que é mais raro? Os vegetais ou os fast foods? Alguém aí ainda tem um pé de laranja lima no fundo do quintal?

Pense nisso.

3 comentários:

  1. Lú:

    Meu pai tinha uma regrinha com a gente (que sempre achei muito sensata e procuro reproduzir até hoje): se alguém te serviu (fez seu prato), você não precisa comer tudo; se VOCÊ mesmo se serviu, deve comer tudo o que pegou. Para que aprendessemos a dar valor para o que tínhamos, para que lembrassemos que muitas outras pessoas não tem o que comer, para que evitássemos o exagero e jogar comida boa fora.

    Pra nós, deu certo.

    Ah! Doces e refris, lá em casa, só de final de semana! Até hoje!!! Rsrsrsrsrsrs

    Bjos e bençãos.
    MIrys
    www.diariodos3mosqueteiros.blogspot.com

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  2. Mirys, que prática e sensata essa sua dica! Acredita que eu nunca tinha ouvido assim? Muito legal mesmo... concordo com você!
    Beijos pra vc tb, obrigada pela visita!

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  3. Oi Luciana!

    Obrigada pela visita!
    Já linkei teu blog lá em casa

    Tenho achado especialmente interessante essa coisa da alimentação.
    Aqui em casa, sendo descendente de japoneses e talvez por já terem sofrido escassez de comida... nós sempre ouvimos que era pra comer tudo, tem até um palavra pra isso "motainai" = desperdicio- sempre ouvia come tudo senão é motainai...

    bjs!

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